Para mim, e
creio que pra muita gente, estes são os dois melhores desenhistas que já
passaram pela franquia mutante. Ambos estiveram em fases que de alguma forma,
causaram um grande impacto na indústria dos quadrinhos, tanto no quesito vendas
quanto no quesito crítica. Vale ressaltar também que os dois trabalharam com
Chris Claremont, que ficou à frente dos títulos mutantes por muitos anos.
Então,
vamos conhece-los um pouco mais:
John Byrne
Nascido na
Inglaterra mas naturalizado canadense, John Byrne é conhecido como o “sucessor
de Jack Kirby”, embora o mesmo, negue o título. Ele entrou para o Hall da Fama
dos quadrinhos em 2015. Teve como trabalhos notórios: X-Men e Quarteto
Fantástico na Marvel, além de Superman na DC. Nos X-Men, ao lado de Chris
Claremont, protagonizou para muitos a melhor fase da história da franquia, com
arcos como A Saga da Fênix Negra e Dias de um Futuro Esquecido, tão marcantes a
ponto de já terem sido adaptados para desenhos e cinema.
Jim Lee
Nascido na
Coreia do Sul mas naturalizado americano, Jim Lee entrou para a Marvel no fim
dos anos 1980. Junto com Chris Claremont, tem com muita folga, a revista mais
vendida da história dos quadrinhos: X-Men número 1 de 1992, que passou de 8
milhões de cópias vendidas. Jim Lee praticamente é sinônimo de anos 90, com um
estilo próprio, que estourou quando trabalhou na franquia mutante. Fora da
Marvel, teve trabalhos notáveis na DC com Batman e Superman, e lá trabalha até
hoje.
Teremos 5
critérios para a disputa. Os critérios serão pontuados, considerando os
aspectos mais referentes a HQs em si, como capas e arte interna valendo mais
pontos, e outros critérios valendo menos:
1- Capas: serão
analisadas as capas, considerando adequação a história, criatividade na
composição e claro, beleza. 2 pontos.
2- Cenas de
ação: aqui, narrativa e dinamismo ganham destaque. 2 pontos.
3-
Expressividade: Não só de ação vive o homem, então julgarei a emoção das cenas
de diálogos. 2 pontos.
4- Designs:
O que John Byrne e Jim Lee criaram em termos visuais? Aqui pretende-se englobar
personagens e uniformes. 1 ponto.
5-
Sketches/Pinups: John Byrne e Jim Lee fizeram muitas artes independente dos
quadrinhos relacionadas aos X-Men, e aqui colocaremos algumas pra julgamento. 1
ponto.
As Capas
Nas capas,
muitas icônicas. Os estilos aqui são bem diferentes e a escolha vai ser
difícil. John Byrne ainda fazia capas que continham balões, bem característico
dos primórdios dos quadrinhos. Byrne também se preocupava com a capa passar o que
ia ser a história de fato. Já Jim Lee, praticamente parecia tratar as capas
como pôsteres. É pose heroica, dando só a pista de quais personagens estarão na
história. Em contrapartida, sua arte nos personagens causa mais impacto ao
leitor.
John Byrne
Capa da
edição 112, destaque para a expressividade em Wolverine (medo) e Magneto
(raiva)
130, com um
capricho absurdo nas cores para fazer a iluminação dos poderes de Cristal
133, edição
que Wolverine finalmente mostrou que é o melhor no que faz. O dinamismo da cena
é impecável. Interessante ver como o herói se destaca frente aos demais em
termos físicos, algo que Byrne sempre se preocupou em mostrar na sua arte:
heróis não são pessoas comuns
135,
brincando com a Fênix esmagando o logo dos X-Men. Aqui destaco a expressividade
no rosto de Jean Grey, bem condizente com a perda de controle para a força
Fênix
136,
logotipo consertado, mas com rachaduras, e o eventual desespero da morte de
Jean (que ainda não aconteceu). Foi a capa do encadernado em capa dura da
Panini
141, uma
capa tão fantástica que cansou de ser copiada em várias outras histórias.
Capricho na expressividade (preocupação de Kitty e determinação de Wolverine),
na iluminação (luz destacando os fugitivos e os mortos/presos, com o escuro em
volta). Realmente, de aplaudir
Referência a capa no jogo Ultimate Marvel vs Capcom 3
Jim Lee
Pose
heroica? É isso que você tem numa capa maravilhosa, lembrada até hoje pelos
fãs, numa história que, das one-shots, é uma das melhores da história da
franquia mutante
Jim Lee
também brinca com o logo dos X-Men, se perdendo em meio a ação. Dinamismo nota
10 na capa
Poses
heroicas por todo lado em 272 e 274. A capa da 272 foi escolhida para ser a do encadernado
de Programa de Extermínio da Panini
Na 275, Jim
Lee fez uma capa digna de pôster. Embora não seja fã das roupas “padronizadas”,
a arte das bordas da capa é fenomenal. Aqui, estou usando a original, pois há
uma versão colorida digitalmente com cores nas bordas
E por falar
em capa pôster, provavelmente essa é a maior capa já feita na história da
franquia. Essa arte é o maior sinônimo artístico de X-Men
existente
Voltam as
poses heroicas, com a mão de Ômega Vermelho em primeiro plano. Jim fará uma
capa em Batman muito similar a essa
Capas de
rosto costumam ser simples, mas essa aqui é digna de ser lembrada, num traço
bem característico dos anos 1990
Mais um
grande acerto numa capa de batalha, entre Wolverine e Motoqueiro Fantasma
Capa com os
X-Men em fileira. Se impõe respeito? De sobra
Qual a
função de uma capa? Chamar atenção? Sim. Dar uma primeira impressão do que é a
história? Também. No quesito atenção, ambos conseguem prender muito bem. Jim
Lee tem uma beleza bem característica na sua arte, e parece ter um toque
especial para desenhar X-Men. Ele também consegue passar uma ideia condizente
do que será a história em grande parte delas. Contudo, creio que no quesito
criatividade, ele fica consideravelmente para trás. A arte de Byrne é tão bela
quanto a de Lee, e também chama bastante atenção, brincando com o logotipo
“X-Men” e fazendo composições maravilhosas, bem mais variadas que as de Lee.
Considerando isso, dou a vitória no quesito capas a John Byrne. Mas, faço uma ressalva:
Acho que a melhor capa já desenhada envolvendo os X-Men é a número 1 de 1991.
Vencedor: John Byrne
Cenas de
Ação
John Byrne
Iremos
destacar algumas das cenas de ação de John Byrne. O artista é um dos ícones do
chamado “Estilo Marvel” de se fazer quadrinhos. Byrne tem uma narrativa
fantástica, e muito detalhada para a época que ele trabalhava. Temos clara
noção de tudo que está acontecendo no momento da ação.
Outro ponto
interessante são os detalhes, como as referências nos fundos aos cenários de
perspectiva, e também a escolha por cenas sem fundo, que destacam mais a pose e
a dinâmica do golpe dado pelo herói ou vilão. Para mim, Byrne fez a melhor
sequência de ação de Wolverine em toda a história do personagem.
X-Men vs
Magneto 1: os X-Men derrotados um a um. Destaque para a narrativa na cena com
Noturno e Colossus, e depois Wolverine.


X-Men vs
Magneto 2: No número seguinte, o confronto com maior entrosamento da equipe.
Noturno, Colossus, Fera e Noturno atacando Magneto é o destaque.
Wolverine
na Terra Selvagem: Sequência curta, com Wolverine derrubando a guarda aérea da
Terra Selvagem.
X-Men vs
Tropa Alfa: Confronto entre equipes, maravilhosamente bem contado, com
confrontos um a um mais uma vez.






Wolverine no
Clube do Inferno: Como já ressaltei antes, uma obra de arte de Wolverine lutando.
As imagens falam melhor que qualquer comentário.



Fênix vs
X-Men 1: Logo após a saída do Clube do Inferno, Fênix perde o controle e se
torna Fênix Negra. O confronto aqui é destacado pela expressividade, com os
X-Men perplexos a todo momento que sua amiga está descontrolada.


Fênix no
espaço: A destruição de um sistema inteiro de planetas, pela necessidade de
alimentar seu grande poder. Byrne fez uma das melhores narrativas de sua
carreira.


Fênix vs
X-Men 2: Também no um a um, a derrota momentânea dos heróis. A narrativa aqui
pula mais do que anteriormente, compensada com uma arte mais expressiva também.



Wolverine
vs Wendigo: Na ida ao Canadá, Wolverine enfrenta a maldição Wendigo, mesmo
inimigo de sua primeira aparição nos quadrinhos.
X-Men vs
Sentinelas: Dias de um Futuro Esquecido, e o massacre dos mutantes. Mais
contida, porém mais emocionante.

Kitty vs
Ngarai: O demônio que invadiu a mansão derrotado por Kitty Pryde. Essa junto
com Wolverine, são minhas duas sequências de ação favoritas de Byrne. Aqui
narrativa e expressividade se destacam, além das boas ideias no uso do poder de
atravessar paredes.







Jim Lee
Lee tem um
estilo único de desenhar, que foi imitado por diversos artistas nos anos 1990,
e ainda hoje, encontramos alguns bem similares. Sua narrativa foca mais em
cenas “espetaculares”, com poses heroicas a todo momento. Sua arte é belíssima, e é realçada pelo uso
de quadros maiores, que permitem uma melhor visualização de detalhes. Jim Lee
tinha um capricho com fundos um pouco maior do que os demais de sua época. Sua
personagem de maior destaque na ação para mim, é Psylocke.
Lady
Mandarin: Aqui colocamos duas cenas, a batalha de Lady Mandarin (que é
Psylocke) trabalhando pela primeira vez como criminosa, e a luta final.














Wolverine e
Capitão América em Madripoor: Um dos melhores trabalhos de Lee nos X-Men. Arte
belíssima, quadros bem grandes.






Wolverine,
Psylocke e Jubileu: Ocorrida durante Programa de Extermínio, o trio enfrenta
uma guarda de Genosha. Também quadros grandes. Destaque pra Jubileu segurando
em Wolverine e Psylocke pulando mais atrás.



Luta no
espaço: Pouco antes da nova mensal, uma luta com destaque para Gambit. Aqui,
vemos um raro momento de Jim Lee usando 3x3 numa página.











Sala de
Perigo: Na HQ mais vendida da história, uma de suas melhores sequências de
ação. A imagem de Vampira e Colossus podem facilmente serem definitivas destes
personagens. A ação segue a linha de artes grandes, e narrativa mais espaçada,
mas não menos efetiva.





Magneto vs
X-Men: Diferente de Byrne, não tão um a um assim. Imagens belíssimas de Fera,
Psylocke e Magneto.




Ômega
Vermelho: Numa das melhores histórias de Jim Lee, Psylocke brilhando e a
entrada bombástica dos X-Men na luta valem a nossa lembrança.









Luta no
esgoto: Pra mim, o auge de arte interna de Jim Lee nos X-Men. Uma cena de ação
gigantesca que envolve até mesmo Motoqueiro Fantasma. Mais quadros grandes,
mais artes de altíssima qualidade. Uma das artes de Psylocke foi usada como referência
no jogo Marvel Super Heroes.









No quesito
ação, sou obrigado a ficar em cima do muro. Creio que Byrne e Lee alcancem a “nota
10” cada um a sua maneira. Byrne é mais expressivo (como veremos mais a
frente), sabe passar tensão, medo e raiva numa cena. Sua narrativa é mais
detalhista, ao mesmo tempo que não perde a qualidade absurda de detalhes de sua
arte. E como falei, é o grande desenhista de uma cena de ação de Wolverine na
história dos X-Men.
Jim Lee, em
contrapartida, não é tão expressivo, mas sempre consegue trazer para as
histórias um clima bem característico de HQs de super-herói, que permite que
sua abordagem “bombástica” funciona maravilhosamente bem, dando a ideia de que
os mutantes estão prontos pra brigarem contra qualquer um, especialmente Psylocke.
Suas poses fazem frente ao dinamismo de Byrne.
Vencedor: Empate
Expressividade
Essa
categoria é talvez a mais díspar dentre todas que escolhi. É uma verdadeira
covardia. Mas faremos a comparação para cumprir tabela.
John Byrne
Byrne é um
mestre em expressividade. Já tendo lido muitos quadrinhos (e com muitos ainda
por ler), considero ele o melhor artista de todos os tempos em expressar
emoções em uma HQ. Ele consegue fazer qualquer tipo de cena, com qualquer
sentimento. Como veremos nos exemplos abaixo:
Sustos:
Tempestade
e Noturno vendo Wolverine assassinar um inimigo
Kitty e o
Ngarai
Tensão:
Moira e o
Marido
Ciclope
confronta Jean
Alegria:
Fera reencontra
Ciclope
Wolverine reencontra
Heather
Jim Lee
Esse talvez
seja o maior calcanhar de Aquiles de Lee. Ele passa bem emoções de raiva, de
batalha, mas peca nas outras emoções. Tudo que ele faz fora de raiva ou é muito
exagerado, ou é muito simples. Veremos nas imagens abaixo:

Jean e Tempestade
Moreau e
MacTaggert na TV
Mandarin e
Matsuo
Vampira,
Fury e Magneto


Magneto e
Moira
Aqui, as
imagens falam por si só. Byrne sobra na expressividade.
Vencedor: John Byrne
Designs
Agora
veremos o que Byrne e Lee criaram em termos visuais para os X-Men.
John Byrne
Byrne usou
os uniformes já estabelecidos dos X-Men. Mas criou outros personagens que tem
visuais marcantes.
A Tropa
Alfa: Sua grande criação. Heróis legais e que ainda ganharam título solo, que
foi comandado pelo próprio Byrne.
Rei das
Sombras
Arcade:
criado em Marvel Team-up
Kitty:
adolescente, recruta, usando o uniforme mais clássico
Cristal: a
inspiração no disco
Clube do
Inferno
O Futuro:
designs dos X-Men mais velhos, bem menos heroicos que o normal
Jim Lee
Lee não só
protagonizou grandes designs de personagens, mas também foi referência pra
muitas coisas fora dos quadrinhos, como os jogos de videogame da Capcom que envolviam
os X-Men, além do desenho animado dos anos 1990.
Psylocke: Lady Mandarin
Ômega
Vermelho: visualmente, reúne o melhor dos anos 90.
Redesigns
das roupas: Vampira, Ciclope, Gambit, Psylocke. Para muitos fãs, o artista
definitivo destes 4 personagens
Referência
para mídias fora dos quadrinhos: o desenho dos anos 90/os jogos de luta da Capcom
Daria a
vitória aqui para Jim Lee. Acho que o contexto favorece muito a ele. Lee não
teve nenhuma criação como a Tropa Alfa, que ganhou sua revista própria
inclusive, mas seu design é sinônimo de X-Men para muita gente, vindo num
período de maior popularidade da franquia, além de ser referência visual para
além da mídia dos quadrinhos. Acredito que este último fator pese bastante.
Vencedor: Jim Lee
Pinups/Rascunhos/Comissões
Veremos
aqui desenhos feitos por iniciativa própria, ou para fãs em eventos de
quadrinhos. Os desenhos de Byrne serão de um livro com sua arte, focando nos
X-Men obviamente, e Jim Lee, de suas redes sociais, onde constantemente faz transmissões
e posta suas artes.
John Byrne
Byrne mantém
uma alta qualidade na sua arte, com expressividade a mil. Contudo, ele sente um
pouco a ausência de Terry Austin, que fazia uma arte-finalização brilhante em
seu trabalho.




Jim Lee
Acredito
que aqui, Jim Lee brilhe. Seu grande mérito hoje, como artista, está na criação
de capas e nessas artes pinup.
Vencedor: Jim Lee
Na nossa contagem final, ficamos assim:
John Byrne: 6 pontos
Jim Lee: 4 pontos
Terminamos por aqui, dando a vitória a John Byrne, mas
reconhecendo a qualidade da arte de ambos, que marcaram a história dos
quadrinhos para sempre. Basicamente podemos resumir da seguinte forma: Byrne é
o cara que você quer trabalhando nas HQs mensais, e Jim Lee, é aquele cara que
aparece para fazer as capas variantes, ser referência das suas action figures e
ser o pôster do seu quarto.






























































































